A caça ao Saci
Pedro perguntou à vovó Candinha:
- Vovó, corno é mesmo que se caça
. o Saci-Pererê?
Vovó respondeu, fazendo urna careta:
- Eu já contei
para você.
- Contou nada, vovó, só prometeu!
- Bem, então, eu vou contar!
Vocês sabem que não é fácil caçar um
Saci-Pererê porque aquele danadinho,
com urna perna só, pula mais do que
muita gente de duas.
Mas eu aprendi a caçar com o meu -
compadre Dílson, lá na fazenda dele.
O tal Saci, que vivia por ali, tinha
aprontado mil estripulias.
Derramou o leite do curral, amarrou
o rabo de dois. cavalos. Um horror!
O meu compadre foi
ficando zangado
e resolveu caçar o Sacio
- E daí, minha avó?
- Daí, nós esperamos
chegar urna
noite de lua cheia.
Preparamos urna
peneira bem grande
e urna garrafa com
boca bem larga, com rolha e tudo.
Saímos quase à meia-noite e fornos, pé
ante pé, até o curral (porque o
danadinho vivia assustando os
bezerrinhos de noite).
Ficamos lá, bem
escondidinhos,
até que, de urna hora
para outra, surgiu
aquele rodamoinho, assoviando
com o Saci dentro.
Meu compadre não
perdeu tempo.
Jogou a peneira em cima do Saci, que
começou a rodar o seu rodamoinho
cada vez mais rápido,
para desaparecer, sumir dali.
Mas eu agarrei o gorro dele e coloquei
a garrafa debaixo da peneira.
E o danadinho do Saci-Pererê entrou
nela, sem querer.
Então, foi só botar a rolha, bem
arrolhada, na garrafa.
Quando acabou o rodamoinho, lá estava
o Saci, pequenininho, preso na garrafa.
- E daí, vovó?
- Daí, o meu compadre Dílson ralhou
muito com ele, reclamou, ameaçou!
(O Saci deu até urna choradinha.)
- E corno acabou a história, vovó?
- Nós soltamos o Saci, que prometeu nunca
mais fazer
estripulias naquela fazenda.
- E ele cumpriu o prometido, vovó?
- Por lá ele nunca mais apareceu ...
Mas tem tantas fazendas no mundão
de Deus, não tem, meninos?
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