segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Cantinho da Leitura



A GENEROSIDADE DAS ELITES E A GRATIDÃO DOS HUMILDES  
                  
                                                 À MANEIRA DOS... SUL - COREANOS

Um homem de ombreiras bordadas a ouro foi condenado a cem chibatadas em público, por não pagar imposto de renda. No dia anterior à sentença, encheu uma bolsa com 10.000 piastras e , encontrando na rua um miserável, pediu que, em troca das 10.000 piastras, o miserável recebesse as chibatadas em seu lugar, como a lei permitia. O pobre achou extremamente boa a proposta (10.000 piastras!), e no dia seguinte estava lá, de cócoras, no centro da maior praça da cidade, pra receber as chibatadas. Mas, logo nas primeiras dez, começou a chorar _ viu que não resistia_ e , em altos e lancinantes brados, pediu clemência a Alá. Alá surgiu como o auxiliar do chibatador , que lhe disse ao ouvido que, se desse todo o dinheiro que tinha, o chibatador apenas fingia as outras noventa chibatadas. Mas que gritasse ainda mais pra que o povo em volta não percebesse a barganha. O miserável concordou, a chibatação e os gritos continuaram cada vez mais fortes e mais altos, até se completarem as cem chibatadas e o povo sair contente, porque agora, como todos tinham visto, também os poderosos eram  castigados, embora por interpostas pessoas. No dia seguinte, o miserável estava  outra vez na sua esquina, quando viu passar o potentado cujo lugar tinha tomado. Num ímpeto, atirou-se em frente ao homem e, ajoelhado, murmurou, com os olhos em lágrimas:
- Agradecido, mil vezes agradecido, meu louvado senhor, que o céu o faça cada dia mais poderoso. Se o senhor não tivesse me financiado com tanta generosidade, eu agora estaria morto com aquelas cem chibatadas. 
                                   Moral: Nada que vem de cima me humilha.



A PERDA ABSTRATA

                                       À  MANEIRA DOS ...BAIANOS

O extraordinário professor de línguas passeando pelo Brasil punha sempre ouvidos à maneira de falar dos nativos, fossem professores, como ele próprio, ou gente simples do povo. E ficou fascinado com uma palavra que ouvia a todo momento_ absurdo. E daí em diante, sempre que podia, a toda hora, dizia, absurdo! Absurdo. Absurdo! E sorria deliciosa satisfação intelectual semântica.
   Pois não é que um dia, atravessando a Baía da Guanabara a passeio, em direção a Paquetá, o professor achou a paisagem um absurdo de bonita e , que horror!, não lembrou a palavra? Tentou, levantou-se, andou até a popa do barco, depois até a proa, procurando no mais fundo da memória, mas a palavra não veio.
E estava ali, de cabeça baixa, andando pra lá e pra cá, sem nem mais olhar a paisagem, quando um taifeiro lhe perguntou:
- Que foi, cavalheiro, está sentindo alguma coisa?
- Não, nada, estou só aborrecido. Perdi uma palavra.
- Uma palavra? Estava escrita num papel?
- Não. Não estava escrita em lugar nenhum. Só na minha cabeça.
- Perdeu uma palavra que estava na sua cabeça? Perdão, senhor, é um absurdo!
- É isso! Encontrou! Obrigado, meu amigo, obrigado.
       
                              MORAL: A CULTURA ESTÁ EM TODA PARTE.

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