O besouro de ouro
Aquele era um reino muito bonito.
O povo dormia tranqüilo no meio de
bosques esplêndidos
(verdes, amarelos,
azuis e brancos).
Até que, um dia, subiu ao
trono, no
meio de muita festa, um novo rei.
Bonito de ver aquele rei: muito
elegante, muito tudo. .
Mas o rei passou a controlar as famosas
minas de ouro do
reino, de onde saía
todo o ouro do tesouro.
Com o tempo, o ouro tomou
conta do
coração da família real. Eles só queriam
coisas feitas de ouro.
Inventaram até um jardim com
árvores,
piscinas, gaiolas, tudo de ouro!
O povo passava fome, mas os reis
comiam em pratos de ouro
comidas
cobertas com ouro em pó.
As coisas estavam paradas
assim, até
que, um dia, um menino começou
a gritar na frente do portão do
palácio:
- Fora, rei ladrão! Besouro de ouro!
Daí a pouco, eram centenas, milhares
de pessoas gritando a mesma
coisa.
O rei ouvia tudo na sua sala
de ouro,
dando risada com seus dentes de ouro:
- Isso passa, rainha. O povo
não
sabe
de nada. Eu dou um jeitinho nisso!
Mas o povo sabia de quase tudo.
E o que não sabia os arautos
contavam.
Contavam dos desvios de mais
de 300 quilos de ouro por mês
para
as despesas da família real.
Dos "fantasmas"
que roubavam ouro,
de noite, nas minas.
O povo para protestar pintava o rosto
de dourado, era a tribo de cara
pintada.
O clamor popular foi tão grande que
os
ministros resolveram pedir ao
rei para
prestar contas numa audiência.
O rei e a rainha receberam os
ministros
na sala de ouro, sorrindo.
O rei não prestou contas nem nada.
Disse que rei é rei e pronto. Que, se
os ministros não estivessem satisfeitos,
também pintassem o rosto
de dourado, como o povo.
Um a um se levantaram,
passaram pó de
ouro no rosto e foram embora, enquanto
o rei e a rainha gritavam e
berravam.
Gritaram tanto que viraram besouros
de ouro e sumiram da nossa história.
Dizem que outro rei subiu ao
trono e
que o ouro das minas, bem
dividido, dá
para tudo e todos do reino. E a fome
do povo acabou.
(Bonito de ver aquele reino agora.)
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