É MEU! É MEU! É MEU!
Na ilha viviam três
sapos três sapos briguentos chamados: Milton, Roberto e Lídia. Eles brigavam e
discutiam desde a aurora até o anoitecer.
-Saia da lagoa! – berrava Milton. – A água é minha.
- Saia da ilha! Gritava Roberto. – O chão é meu.
- O ar é meu! Guinchava Lídia, pulando para pegar
uma borboleta. E era isso o tempo todo.
Um dia uma
rã enorme apareceu na frente deles.
- Eu moro do outro lado da ilha – ela disse -, mas o
dia todo ouço vocês gritarem: “É meu! É meu! É meu!” Não é possível ter sossego
com esse berreiro. Assim não dá para continuar!
Dizendo
isso, a rã virou as costas e saiu pulando pelo mato.
Assim que a
rã se foi, Milton saiu correndo com uma minhoca enorme na boca. Os outros foram
pulando atrás dele.
- As minhocas são de todos! – eles gritavam.
Mas Milton coaxou, protestando:
- Não! Esta é só minha!
De repente
o céu escureceu e o estrondo de um relâmpago envolveu a ilha. A chuva tomou
conta de tudo e a água da lagoa se tornou lamacenta. A ilha foi diminuindo,
engolida pela enchente. Os sapos estavam assustados.
Desesperados, eles subiram nas poucas pedras escorregadias que ainda se
mantinham fora da água escura e revolta. Mas logo também elas foram
desaparecendo.
Só sobrou
uma rocha, e os sapos se encolheram em cima dela, tremendo de frio e pavor. Mas
ali, bem juntinhos, compartilhando os mesmos medos e esperanças, elas se
sentiam melhor. Aos poucos a enchente foi baixando. A chuva ficou mais fraca e
logo parou totalmente.
Mas vejam
só ! A rocha em que os sapos tinham se refugiado não era rocha coisa nenhuma.
- Você salvou nossas vidas – eles gritaram, ao
reconhecerem a rã.
Na manhã
seguinte, a água tinha clareado. Os raios de sol faziam brilhar
os peixinhos no fundo arenoso da lagoa. Muito
alegres os sapos pularam na água e, um ao lado do outro, nadaram em torno da
ilha toda.
Saíram
juntos, tentando pegar as borboletas que enchiam o ar.
Mais tarde,
descansando no meio das plantas, eles sentiam uma felicidade enorme, como nunca
tinham sentido antes.
- Que paz! – disse Milton,
- Como tudo é bonito! – disse Roberto.
- Sabem de uma coisa? – disse Lídia.
- O quê? – perguntaram os outros.
Tudo isso é nosso! – ela disse.
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